Em época de manifestações em prol do meio ambiente, surgem problemas e soluções na tentativa de dignificar a vida e harmonizar a convivência entre os seres que têm o privilégio de experimentá-la. Todos esses movimentos, apesar de imprescindíveis, rumam numa única direção - o meio externo: as águas, as florestas, o lixo, a agricultura, a pecuária, etc.
Isso é altamente relevante, levando-se em conta que a destruição do nosso planeta, a continuar nesse rítimo, caminha a passos largos para uma provável inviabilização da manutenção da vida na terra.
Muito se fala e, felizmente, um pouco já se faz para se concretizar ações dos poderes econômicos, que, com mil desculpas, todas “plausíveis”, insistem em alienar-se da realidade, justificando necessidades inexistentes ou por vezes geradas por eles mesmos.
A responsabilidade por esses absurdos recai sobre todos nós que consentimos, ao longo de nossa história, conscientes ou não, o progressivo desrespeito pela natureza que, especialmente em nosso país, é tão generosa e provedora.
Ecologia deveria ser uma atitude, um aprendizado ético no trato das coisas, da natureza e das pessoas – um processo de “troca”, uma via de mão dupla – uma relação de interdependência como o que acontece com as plantas e o homem: por um lado, as plantas “recolhem” o gás carbônico do meio ambiente para se estruturar e, por outro, “fornecem” o oxigênio, base da manutenção da vida terrestre.
Em verdade, “poluição”, não é privilégio somente do meio externo.
Este termo pode assumir maior abrangência, se considerarmos que, além do mundo externo, há também um mundo interno.
Poluição nos lembra sujeira, lixo, escuridão, desleixo, desrespeito, insalubridade, evocando até mesmo a imagem do mal.
Não é muito diferente desta, a poluição que também pode ter o caráter de sujeira ou lixo, que, a todo momento, insiste em ser jogada para dentro de nós.
Estamos falando de “invasões” que permitimos, sejam elas visuais, auditivas ou de qualquer natureza, das mais diversas maneiras, que ocupam nosso espaço interno, poluindo e impedindo o desenvolvimento da característica mais sagrada e grande maestro da condição humana: o nosso EU.
Na poluição externa, nós participamos como parte da humanidade, mas na poluição interna, nós permitimos deliberadamente todo esse processo com o nosso EU – nossa vontade, individualmente.
Analisando teoricamente, poder-se-ia pensar nesta permissão como uma atitude de mais fácil controle, já que dependeria de uma decisão só nossa. Mas a realidade é bem diferente!
Os apelos da mídia e às vezes, da própria ciência reducionista, são altamente convincentes e sedutores.
A confusão que esse “lixo” gera no meio interno - em nossa alma, pode nos conduzir à
sentimentos de desesperança, dificuldade de percepção, desinteresse e alienação.
Para ser forte e se manter no comando, este EU deve ser exercitado e nutrido através de atitudes, tornando-se vigoroso e impedindo essas tempestades de poluição.
O caminho do conhecimento é o grande antídoto para vencermos essas “forças” que competem com nosso EU, pretendendo roubar-lhe o lugar e a regência. É a luz que clareia a consciência e estimula uma postura crítica e seletiva.
Nesse sentido a qualidade da educação (intra e extra escolar) e da auto-educação contínua, tem papel fundamental na formação integral do ser humano, onde o EU representa a essência que não deveria ser maculada, mantendo-se clara e límpida durante toda vida.
É através da vontade e da coragem que o Ser Humano deve trabalhar firmemente na tarefa de “evitar a poluição do EU”, fazendo livre e conscientemente as suas próprias escolhas, saneando o mundo interno e harmonizando-o com o mundo externo.
O alerta precisa ser constante.
Escolher responsável e livremente o queremos ver, o que queremos ouvir, o que queremos comer, o que queremos vestir, etc., é uma forma de praticarmos a “EUCOLOGIA”.

Dra. Elaine Marasca Garcia da Costa é médica Pneumologista com formação em Antroposofia/Biografia Humana. Mestre em Ciências da Educação. Docente/coordenadora do curso de pós-graduação - Antroposofia na Saúde. Presidente da Liga dos Usuários da Medicina e Terapias Antroposóficas.Diretora Clínica do Lucas Terapeuticum Desenvolvimento Humano.
emarasca@splicenet.com.br

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