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O BRINCAR E OD BRINQUEDOS
Entende-se que o brincar seja a principal atividade da criança
pré-escolar. Ao contrário do adulto, não
seria uma atividade de lazer, mas um processo de muita seriedade,
como se fora o trabalho para este. No brincar, a criança
usaria e desenvolveria todos os seus impulsos advindos do
corpo físico e da imaginação, dando liberdade
à sua fantasia numa entrega profunda a si mesma.
O brincar, uma atividade essencial nos primeiros sete anos
de vida, tem uma força modeladora na estrutura física
e na vitalidade da criança e, em especial, para o seu
cérebro.
A escolha das atividades e dos brinquedos é fundamental
para que isso ocorra de maneira harmônica. Ela deve
guiar-se, em primeiro lugar, pela idade da criança;
deve ter um caráter de incentivo, não sendo
aconselhável, portanto, brinquedos já totalmente
acabados, a fim de que se possa estimular a possibilidade
de participação da criança na sua complementação.
Segundo aquilo que viveria na alma da criança do primeiro
setênio, ou seja, a imitação de tudo e
de todos, um simples amontoado de blocos de madeira poderia
se transformar em vários objetos de sua vida cotidiana:
uma casa, um carro, um móvel, uma lojinha cheia de
mercadorias etc.
Observa-se, por exemplo, que as bonecas prontas, feitas de
material sintético, levam, muitas vezes, a um rápido
desinteresse da criança, por mais bonitas e perfeitas
que sejam. Ao contrário, é muito comum encontrarmos
crianças que não largam de sua boneca de pano,
apenas com traços sugerindo o rosto, o qual poderá
ser, inclusive, completado pela própria criança.
Os pequenos animais, trens, caminhões, fazem a alegria
da criança, desde que elas mesmas os conduzam. Os brinquedos
com automação, saídos de histórias
grotescas e monstruosas da tevê poderiam funcionar como
uma espécie de droga que nada teriam de autêntico,
podendo embrutecer e causar um vício que cresce em
necessidade de maiores estímulos, ou mesmo uma perigosa
atrofia psíquica. (LANZ, 2000).
Os brinquedos considerados pedagógicos devem exigir
da criança, um treinamento da habilidade manual, do
equilíbrio e do domínio de seu próprio
corpo como um todo. São interessantes e extremamente
educativos aqueles que lembrem trabalhos caseiros ou profissões
como, por exemplo, os utensílios domésticos,
as ferramentas de lavoura, jardinagem e tantos outros.
Os materiais utilizados na confecção dos brinquedos
devem estimular o desenvolvimento especialmente dos sentidos;
devem ser de matéria verdadeira, natural e robusta
(madeira, pano, pedra, metal), pois, através do brincar
e dos brinquedos, a criança adquire confiança
no mundo dos adultos.
Tudo que não fosse natural deveria ser mantido afastado
do mundo infantil, especialmente os brinquedos plásticos,
que de várias maneiras podem dar sensações
falsas, como por exemplo:
• Tamanho desproporcional ao peso;
• Cores antinaturais;
• Desenho grotesco, antiestético;
• Fragilidade, fazendo com que se quebrem facilmente.
Além disso, o toque de um brinquedo plástico
seria considerado totalmente artificial e não auxiliaria
no desenvolvimento do sentido do tato, tão importante
nesse período. Por fim, poderíamos dizer, ainda,
que são produtos desenvolvidos em série, em
máquinas, quase sem a presença do homem, o que
traria uma imagem de massificação, não
colaborando com um desenvolvimento sadio do caráter
individual.
Dra. Elaine Marasca Garcia da Costa é médica
Pneumologista com formação em Antroposofia/Biografia
Humana. Mestre em Ciências da Educação.
Docente/ coordenadora do curso de pós-graduação
- Antroposofia na Saúde na UNISO. Presidente da Liga
dos Usuários da Medicina e Terapias Antroposóficas.
Diretora Clínica do Lucas Terapeuticum Desenvolvimento
Humano
emarasca@splicenet.com.br
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