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PARAR DE FUMAR DEVE RESPEITAR O TEMPERAMENTO

O vício de fumar, juntamente com outros vícios, representa hoje um grande desafio social. As doenças cardiovasculares induzidas pelo fumo são as maiores causas de morte por doença atualmente, desconsiderando os problemas respiratórios como enfisema e os mais variados tipos de câncer de pulmão que assumem a porcentagem restante dos processos de morbidade, frutos do vício de fumar.
Para o psicólogo junguiano Robert Johnson em seu livro Ecstasy, “o vício nada mais é do que um substituto gravemente degradante para a verdadeira experiência da alegria e entusiasmo”. Como em todo vício, o danado do cigarro parece até fazer parte da vida do fumantes, sendo que alguns até o chamam de “companheiro”!!!
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 e 69 anos)
(Fonte: INCA – Instituto Nacional do Câncer).
O fumo desencadeia potencialmente uma gama de destruições físicas e psíquicas que vão desde os processos cardio-respiratórios aos mais diversos tipos de câncer (pulmonar e extra-pulmonar) passando pela diminuição da vitalidade, da disposição, alterações do sono, irritabilidade, deficiências de concentração, etc.
Ouvimos o tempo todo que é preciso declarar “guerra” contra as drogas o que, em certo sentido, é perfeitamente compreensível. Porém, o próprio termo “guerra” nos remete a uma imagem de violência. Uma ação anti-tabagismo verdadeiramente eficaz deverá valorizar e tratar especialmente a individualidade de cada usuário. Cada indivíduo tem uma maneira de funcionar. O que é fácil para um é às vezes difícil para outros. Se quisermos ajudar alguém a parar de fumar, precisamos ter em conta essa premissa.
Depois, com a expressa intenção do usuário em parar com o vício de fumar, podemos, a partir de um diagnóstico de como cada indivíduo age e reage frente as coisas do e no mundo propormos uma parceria e um planejamento.
Cada um de nós tem um tipo de temperamento predominante: colérico, sanguíneo, fleumático ou melancólico, que impulsiona nossas atitudes frente ao mundo, as coisas e as pessoas e que nos confere características próprias: jeito de falar, de andar, de pensar, de agir, de olhar para o mundo, de relacionar-se, etc. Uns são mais decididos, outros mais aéreos outros mais lentos, outros mais fechados...
Baseado neste conceito e a partir do diagnóstico do temperamento, podemos elaborar um plano de ação para que, gradativamente os níveis de nicotina e outras substâncias viciantes e, potencialmente patogênicas (mais de 4.500 em cada cigarro), sejam diminuídas sem perdas drásticas, com a melhoria constante da respiração, da circulação, do aporte de oxigênio aos tecidos, do condicionamento físico e outros desempenhos antes impossibilitados ou reduzidos.
Pesquisas desenvolveram uma nova forma aonde se vai parando de fumar de uma maneira gradativa, quase sem perceber e em nada lembrando uma “guerra” contra o cigarro, com armas pesadas, conflitos, perdas, A adaptação é muito mais fácil e não se sofre com a síndrome da abstinência, onde o diferencial está em valorizar e tratar especialmente a individualidade, tornando factível a busca tanto almejada pelo fumante: o completo afastamento do vício.
Dra. Elaine Marasca Garcia da Costa
Médica pneumologista com formação em Medicina Antroposófica e Biografia Humana
mestre em Educação
presidente da Liga dos Usuários e Amigos da Arte Médica Ampliada
emarasca@splicenet.com.br

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